segunda-feira, 25 de junho de 2012

Corrosão

Agora o ódio transborda e passeia pelo corpo cegando todos os resquícios de razão. O lado gentil se resguarda dando lugar às lembranças que rasgam o peito e sangram a alma. As lágrimas não são choradas, são involuntariamente colocadas pra fora como um refluxo das memórias desastrosas de uma vida odienta e decepcionante. É preciso apenas estar vivo para sentir o gosto do chão que beijamos em função de uma rasteira da vida ou da pessoa mais próxima. É preciso apenas estar vivo, a vida ensina isso. A quantidade de inescrupulosos que nos rodeia como sangue sugas aproveitadores querendo tirar proveito de cada migalha não me espanta mais. São infinitos desalmados superficiais que tentam a qualquer custo impedir que você siga em frente e têm o poder de interromper o seu fluxo de energias limpas repelindo qualquer positividade que tente se aproximar. É como se eles se revigorassem a cada vez que empurram alguém do penhasco e só sossegam quando a queda é fatal. São pessoas desprovidas de olhar, como caveiras que possuem dois buracos negros dissimulados no lugar da visão. O pior é que elas só se satisfazem quando provocam sua corrosão interna como um copo de ácido sulfúrico ingerido lentamente,tocando minuciosamente cada átomo que te constitui. A destruição é total podendo se transformar em uma doença incurável e degenerativa. Eles não sabem parar e as feridas provocadas não sabem deixar de doer. O sangue arde e pulsa como se um veneno corresse nas veias mas a experiência nos ensina a ter a malícia e a frieza necessária para encará-las como obstáculos que parecem ser tenebrosos mas na verdade são passageiros, como tudo na vida.

sábado, 16 de junho de 2012

Finjo, que finjo, que finjo.

Não quero dizer não às vontades que o meu corpo grita.
Seria inadequado bloquear os desejos intrínsecos à minha liberdade.
Mas sei me transformar em um paradoxo, disfarçando muito bem tudo aquilo que me arde.
Naquela noite chovia, chovia muito mas era eu quem fazia a tempestade.

Sorrateiramente as mãos tímidas começavam a escorregar pelo meu corpo até chegar em minha cintura. Obviamente o meu jeito não me deixava demonstrar que estava percebendo aquelas atitudes invasoras, mas um sorrisinho sorrateiro que me escapou no canto da boca transmitiu a segurança que ele precisava para ir além. Seus desejos já estavam explícitos, o que pra mim não era surpresa nenhuma. Trocamos olhares, compartilhamos vontades e andamos na chuva para que ela molhasse o meu corpo quente.
Olá César!

De maneira proposital fingi não perceber todos os pensamentos que me despiam naquele ambiente e então disparei um olhar aparentemente singelo para quem avistava de longe, mas totalmente direto e  cheio de pecados para aquele que sem disfarces me queria. A timidez passava longe dali, e nós dois nos desejamos a cada palavra que trocamos. Na verdade eu inventava o meu desejo. Correspondi aos gestos de forma provocante e criava muitos outros que o conquistavam. Gestos propositais transmitidos ao acaso. Ele me perseguia, ou talvez perseguisse aquela sexualidade que eu não sabia disfarçar.
Olá Paulo!

Eu provocava, olhava e fingia não olhar, sorria e deixava claro que não era pra ele. A vontade caminhava comigo, junto a cada passo que dava, trocando as pernas sobre o chão que também me olhava de um ângulo privilegiado. Dava as costas contra minha vontade quando percebia uma sintonia, uma reciprocidade. Dessa vez nenhuma marca, mas meu pensamento foi longe.
Olá...