quarta-feira, 7 de março de 2012

Meu tempo de liberdade

A vida me diz que é tempo.
Tempo de ser e só, tudo aquilo que eu posso ser só. É hora de olhar pra dentro como nunca antes e sentir o elo maior que existe entre corpo e alma. E não foi o acaso que me permitiu ter a sabedoria de escolher e saber que é o meu tempo, foram as cicatrizes. Meu compromisso agora é comigo.
Não quero amarras e nem muitas explicações. Não quero me preocupar com respostas, já ando muito ocupada questionando as minhas.
Quero o dia, a tarde e a noite, nas horas que eu quiser que sejam!
Tudo aquilo que de alguma forma fere esse meu querer, me repele.
Sou livre! Dona dos meus desejos e vontades.
E agora é o que eu quero.
Isso basta.

domingo, 4 de março de 2012

Aquela Varanda

Os ventos cantavam ao passo que o céu mudava de cor.
Tardava o dia e eles ainda estavam ali naquele quarto.
Eis o questionamento que todo casal faz quando a maré do mar de rosas está baixa: "O que será de nós dois de agora em diante?"
A final, os meses passaram, a paixou queimou, a conversa é boa, o beijo tem química, o sexo ainda satisfaz, mas e aí? Isso não é o suficiente pra manter uma relação.
A necessidade de construir sempre chega quando a rotina se instaura.
Então as dúvidas tomam conta dos juízos que passam a analisar friamente as situações sem dar espaço algum à emoção. O medo de um romance sem futuro.
Os dois resolvem discutir a relação e sentados frente à frente, cada qual com suas ideias já formadas. O silêncio diz que eles estão a um passo do término, os olhares se entendem e eles parecem frígidos e talvez sem jeito.
Como era de costume quando eles iam cnversar, ela estava sentada na cama, enrolada em um lençol, e ele a sua frente na cadeira com sua toalha presa à cintura.
"Acho que precisamos conversar..."
Talvez fosse mais fácil se ele se levantasse logo, tomasse seu banho e fosse pra casa, mas algo o prendia ali. A vontade que ela tinha de facilitar as coisas só se sustentava até o momento que ele demonstrasse que também concordaria com o afastamento, porque é depois que o outro concorda que a gente começa a se questionar se fizemos a coisa certa, e ela não é bem diferente disso.
Frases soltas, argumentos falhos, colocações sem sentido, falas contraditórias, e o dia ía caindo.
A decisão é tomada, e enquanto ele vai se arrumar, ela vai até avaranda fumar um cigarro.
A chuva começa a cair, o vento bate mais forte e as folhas chacoalham reproduzindo um som delicioso para um momento de reflexão. As gotas de chuva começam a pingar na ponta de seu nariz, e o frio chega.
Sabe aquele frio que congela o corpo aquecendo o coração? Foi o que ela sentiu ao estar nua naquela varanda, com aquele tempo chuvoso e só. O coração começava a apertar, e a paixão ía queimando aos poucos ali dentro do peito, era a saudade do abraço forte de um certo alguém que estava ali há poucos metros de distância dela. Mas o orgulho falava mais alto e mesmo com poucas lágrimas já escapando que por sorte se confundiam facilmente com as gotas de chuva, ela continou a fumar o seu cigarro enquanto via aquele céu acinzentado.
No último trago, ela toma um susto ao sentir algo nas laterais de sua cintura e quando menos espera ele já está ali atrás, com seus braços envolvendo seus quadris e seu queixo sobre o seu ombro, como um encaixe perfeito. As faces se tocam de lado e os sorrisos aparecem, mais uma vez eles pensam a mesma coisa: "Que tolice!" Pensavam que pareceriam mais fortes se tomassem aquela decisão passando por cima de um sentimento verdadeiro e muito maior. Mas perceberam que forte mesmo era o que os dois tinham em comum, aquela sensação de paz e felicidade que só surgia quando estavam lado a lado, como dois seres que se confundiam em um único ser.
Os dois já estavam congelando ali fora, mas resolveram despir-se de uma vez e deitar naquele chão frio.
Aos risos, falavam sobre o comportamento do outro durante aquela conversa tensa, as caras e os olhares tolos que foram reproduzidos durante aquele momento, e a promessa de que aquilo jamais aconteceria novamente.
Os corpos se uniram, na pele a química, nas bocas o desejo, e nos olhares o amor, e aquele abraço deu início à longa noite que estava por vir.

sábado, 3 de março de 2012

Memórias póstumas de um coração qualquer

Me perdoe por todas as vezes que pareci desastrada ao derrubar tuas coisas no chão. A verdade é que todas as vezes foram de propósito.
Resolvi vir aqui pra te pedir desculpas por ter ido embora da sua casa de madrugada sem avisar, eu não estava com dor de cabeça, eu queria ficar só. E pela última vez que não retornei suas ligações, não é que eu não tenha visto, é que eu realmente não queria que você ouvisse minha voz. Aquela vez que te dei as costas enquanto via suas lágrimas, e depois resolvi voltar atrás, não fiz de coração. No dia que recebi suas flores, eu liguei pra agradecer, até disse que estava emocionada, tudo isso para não deixá-lo desapontado. Quando me pediu em namoro, o meu sim foi duvidoso. E quando ouvi o primeiro "eu te amo", respondi com um sorriso, pois a recíproca não era verdadeira. Aquele dia que chorei por você, foi por pura carência, as lágrimas não foram pra você e sim por medo. O livro que você me deu, é horrível, não consegui sair do terceiro capítulo, peguei um resumo na internet pra parecer que eu tinha lido. O perfume que trouxe pra mim me causa náuseas, só usei no dia do seu aniversário pra não ser deselegante, mas foi por conta disso que eu resolvi tomar banho e ir pra cama mais cedo. Os presentes que dei? É porque gosto de agradar.
Não sei se a resposta será: jamais.
Mas me desculpe se já cheguei mentindo e te fiz morrer por um amor, desiludido.

Apenas deixo

Deixo que o sorriso invada, e tome conta de mim como o sol, que irradia pelo céu, iluminando vidas e penetrando peles. 
Deixo que essa energia exploda como um vulcão em erupção que derrama lava queimando tudo que possa existir pela frente. 
Deixo que me admire quando eu quiser substituir meus olhares polissêmicos pela dança espontânea dos meus lábios desejosos. 
Deixo que ria de mim quando eu te der todos os risos que me constroem, até aquele de canto sem graça, com a testa franzida expondo as bobagens feitas por um jeito desajeitado. 
Deixo que saiba que estou fingindo um sonho, para que possa acariciar meu corpo sem limites transparecendo um cuidado que me preenche.
Deixo que faça do meu colo o teu travesseiro, para que eu seja seu conforto, para que eu possa acalmar tua mente como a protagonista dos seus sonhos serenos.
Deixo que se encante por minhas palavras, e me assista com atenção, como um telespectador atento que se encontra diante de sua cena favorita.
Deixo que seja meu cobertor naquelas noites tomadas por pingos de chuva que adentram as nossas janelas entreabertas e nos molha com prazer.
Deixo que tua íris fixe em minha alma, deixando-me nua, transparente e sua, como um livro aberto e complexo mas que pode ser totalmente interpretado.
Apenas deixo que se entregue ao que já está entregue, e que não negue o que já toma conta de nós, apenas deixo que sinta aquilo que me persegue e que ache linda toda essa imensidão que nos constrói.
Deixo que seja amor, e é.