sábado, 17 de dezembro de 2011

TRANScendentAl

Vista-me ao beijos da mesma forma que tirou minhas peças e colocou-as no chão para que elas pudessem repousar.
Olhe-me profundamente, pois agora sou sua, inteiramente sua, dos olhos à boca, da pele ao toque, da cintura aos quadris, do que me mantém viva ao que me cobre e recobre. Olhe-me por inteiro, sou inteira.
Sinta-me todos os dias, e que cada dia seja singular, transcendental e igual. Sinta o que eu sinto e chegaremos ao infinito cúmplice e intenso de nós dois. Ao infinito particular que alcançamos com gestos discretos e incomparáveis.
Enxergue-me como me diz verdadeiramente todas as vezes que me encontra e que se desconstrói pra me dizer que está entregue. Eu também estou.
Cative-me sempre com a plenitude da beleza que existe em todas as suas partes.

Não me recordo sobre a ultima vez que senti a compatibilidade e a sinceridade do que agora me cerca. Talvez seja porque eu nunca tenha vivido algo assim, tão assim, desse jeito assim, com esse seu jeito bem assim que é todo meu.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Transição

Em épocas como esta escorro em minhas águas e deixo o fluxo do rio me levar. Passo um curto espaço de tempo sem saber o meu destino, me perco com as direções e as oportunidades tornam-se imperceptíveis ou desvantajosas.
As lágrimas despertam o meu íntimo mais sensível e profundo de mulher que irracionalmente acredita ser tomada completamente pela extrema sensibilidade devastadora que habita cada poro do que me reveste e do que sou.
Acredito eu que a causa disto, que não posso chamar de problema, é fruto de um amor incondicional a mim mesmo que me faz ser inteiramente tudo aquilo que desejo neste ou em qualquer outro momento.
Todas as etapas da vida são fundamentais para que o crescimento individual interno torne-se visível como forma de maturidade. Eu decidi passar por cada uma delas com toda a intensidade que me constrói para que sejam esgotadas e ultrapassadas por um caminho irreversível.
Folheio cada livro que me pertence de maneira minuciosa ou brusca, e repetidas vezes para ter a absoluta e pura certeza de quando uma página realmente deve ser virada e quando devo começar a narrar outro capítulo. Naturalmente as folhas desgastadas que vão ficando para trás por incessantes lidas e por terem alcançado o ponto máximo da minha compreensão, vão se desintegrando e passam a não fazer mais parte da história. Deixo claro que isso é raro, mas acabo de constatar que não é impossível. Nenhum livro seria tão complexo se estivesse faltando uma página. Nenhuma linha é escrita em vão, porém o conteúdo pertence a ninguém mais que o autor, aquele que muda e arranca as linhas até atingir seu estado de constante satisfação.
Estou à flor da pele redescobrindo minha pele de flor. Não estou apenas repondo as pétalas e regando o jardim, estou fortalecendo as raízes e o brilho intenso que provoca na planta todo o processo que ocorre em seu interior.
É hora de seguir pensando no futuro e vivendo o presente, analisando tudo que deve ser perpetuado e esquecendo tudo aquilo que deve ser deixado para trás. É hora de viver e causar tempestades luminosas de raios intensos e transformadores.A vida é surpreendente, mas eu quero ser mais.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Conto de um desencontro.

Foram apenas olhares inocentes e desinteressados, que causaram aquela palpitação inesperada ao ouvir tantas palavras. Imaginava-me quase ausente à sua visão, fazendo parte de um todo onde me sentia camuflada ou invisível.
Para a surpresa dos seres, interesse mútuo.
Ainda sinto a sua pele indo de encontro a minha quando busco lembranças remotas em uma memória distante, que talvez seja a minha, mas não te dou tanta certeza.
Tomo um café nostálgico na rua e lembro-me com saudade e vontade daquela noite em que deixamos de lado as palavras que nos conquistaram e nos entregamos a um contato onomatopeico.
Ainda não sei se ser fiel às vontades que explodem, é o que toma a minha prioridade.
Opto pelo certo, sem saber ao menos o que realmente pode se chamar de errado. Irradio a razão para que ela  cegue de uma vez esse desejo íntimo  do calor da emoção. Do calor. Da emoção.
Ainda sinto aquele gosto, ainda escuto aquele monólogo, ainda desejo aquele algo ansioso que atiçava a minha curiosidade por tua imensidão.
Mas tudo isso, exatamente isso, é o que agora não posso sentir.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Encontrei você, que tanto me procurava.

Quando o coração fala e o corpo responde apagando a razão e trazendo o sentido, me afogo em lágrimas e me afundo em risos.
Algo grita e não quer parar, algo pula, mexe, explode e aí eu sinto! Sinto como é lindo e eu não sei explicar, sinto o que é verdadeiro e me faz desesperar.
Agora mergulho nas profundezas sólidas de um mar vivo. Agora eu mergulho e faz sentido. Agora vivo.

Vejo-me, não mais no espelho que antes me escondia. Agora mexo meus braços, minhas pernas, meu corpo e vejo de perto que sou mais que carne, que sou aquilo que me movimenta e aquilo que torna possível o meu andar, o meu gritar, o meu chorar... Cada pedaço, cada movimento, cada energia gasta, cada lágrima derramada, cada gesto, cada sorriso, cada olhar, cada palavra, depende disso tudo que sou. E sou.

Sou calor e sensibilidade, sou razão e emoção, escorpiana e sou veneno, sou tranquilidade e tempestade, sou     quem eu quero por inteiro, mesmo com toda essa complexidade, com ou sem vaidade, com toda vontade, com toda verdade e como tudo que arde.

Ainda bem que você chegou, e chegue mais, cada vez mais.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Passo adiante

Deveria eu, me envergonhar de olhares indecentes que invadem corpo e mente, e se aproximam lentamente do meu êxtase fulminante, fazendo-me amante de uma vida inconstante?
Diria que não.
Envergonho-me da aproximação, do vento que soprou, da nuvem que passou, e nem tirou meus pés do chão.
Daquilo que não fiz, mas hei de fazer. Daquilo que vivi ontem e amanhã não me importará mais, jamais, não mais. Do que me vem de graça, e me deixa sem graça e não perde a graça. 
Diria que gosto do que é novo hoje e amanhã não mais será. Encanta-me quando não sei o que devo esperar. Atrai-me quando não devo me comportar. Quando busco esquinas discretas e troco mais que um olhar.
Entrego-me sem pestanejar, quando sinto que naquele momento serei única e que assim sempre será.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Inferno Astral

Me pego afundada em uma plena consciência exacerbada que torna a real realidade perceptível aos meus olhos e ao corpo da forma mais nua possível.
Sem roupas, sem armas, sem barreiras e sem sentimentos, talvez.
Enxergo o que há por trás e engulo à seco com frieza aquilo que congela mais que a minha carne.
Congelo-me, por inteiro.
Falta expressão ou colorido.
Os meus olhos como vidros se estilhaçam em mil partes heterogêneas refletindo a perda do nexo e do sentido.
Calamidade, falta de vergonha, falta de solidez.
Não tenho mais "sentidos", por tanto não me vejo mais, mas me imagino como uma estátua sem mãos, sem tato, sem visão, sem ruídos, sem audição, sem ecos, sem cheiros, sem perfumes, sem gostos, sem nada.
Sinto-me como um soldado de pedra gelada seguindo a inércia da vida.
Sem mais vontades, sem vaidades e sem virtudes.
Penso que posso ser igual.
Pelo menos ainda penso, mas não é o suficiente para despertar o meu conforto.
Petrificada, abandonando a forma humana, penso em desistir, mas quando penso em desistir quer dizer que penso em parar de pensar.
Fuga. Bingo!
O caminho mais fácil. Sigo o fluxo.
Uma força de aproximadamente 5 Newtons é exercida sobre a minha capa, fazendo-me viajar por entre artifícios artificiais que compõem vidas mesquinhas e ignóbeis.
Viajo com um certo mal-estar por um mundo letárgico.
Acordo.
Retorno de um surto.
E agora inconsciente, me vejo "vivendo", bebendo, dançando, gritando, mostrando, gargalhando, comprando, chupando, batendo,pegando,olhando, beijando, rebolando, desfilando, malhando, gastando...
Coma profundo em um mundo imundo.
Leviandade, putrescência, azedume, melancolia. Melancolizar.
Neutralizo-me.
Sinto-me intempestiva de maneira desesperançosa.
Peço a Têmis que me ilumine, e peço ao tempo que me acompanhe.
Sento para escrever, é o que posso, e bebo um copo de Champanhe.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

17 de outubro de 2011

Um ventre celestial elevado no infinito, a flutuar como a representação perfeita de um momento fértil que resultará em brilho, luz e poesia.
Magestosa em meio a uma noite ignota.
O reflexo natural e nú da sensibilidade doce e despida.
Forma simultaneamente incerta, absoluta e divina.
Olho iluminado pela intensidade do belo originalmente puro e reluzente.
Obra-de-arte feita por mão nenhuma, por pessoa alguma.
Presente inesquecível, sensível e visível.
Ela me calou.
A Lua.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Que seja doce!

Quando aquelas palavras rudes adentraram a minha epiderme, o interno se desfez e o inferno se consolidou.
Pudia ter sido de uma vez, mas foi de maneira progressiva e lenta, para ficar a certeza de que tudo em fim seria destruído.
Enquanto eu ardia e queimava no calor intenso da dor, outros brindavam a vida e seus caminhos promissores.
Enquanto as feridas se abriam e eram temperadas com sal, do outro lado a felicidade fugaz imperava, momentaneamente.
Cortes, feridas, dores e morte.
Morte.
E agora Vida.
Agora chore enquanto eu rio, caia enquanto eu subo e me peça perdão por eu não saber o que é o amor e não ter mais atenção.
Lave a minha casa e o meu chão com suas lágrimas fingidas e instantâneas, e esprema o pano até a ultima gota.
Impere, assuma o poder e suba no picadeiro que eu estarei lá a assistir e a me divertir. Prometo aplaudir ao final do show e do estardalhaço.
Implore um sorriso, peça um abraço e sonhe com um filho. Sonhar é preciso!
E enquanto você prova esse sabor amargo, eu grito: Que seja doce! E o escorpião é doce!
"E digo sete vezes, que é pra dar sorte."
E depois disso esqueça que eu existo. Se você conseguir.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Um café

Visivelmente elas pareciam estar de sacanagem comigo ou vagando por aí, mas me atormentavam, tomavam e rasgavam. As palavras.
O sono lutou e relutou contra o meu corpo cansado e revirado que estava desprotegido, e foi incapaz de tomar-me por qualquer espaço de tempo ou por qualquer Espaço no Tempo. Ele jamais venceria.
E a minha boca falante que se comportou de maneira assustadora não brilhou mais que as combinações de letras transcendentes que davam cor aos meus olhos. Reflexões. Calei-me e ao mesmo tempo falei. Não ouvi mas escutei.
Algo explodia de maneira incerta que intimidava a voz. Ou talvez a voz estivesse em seu lugar exato. Ou talvez a voz provocasse o silêncio.
Não sabia se era o conteúdo ou a cafeína que provocava uma palpitação sufocante, uma agitação cerebral e um sorriso no canto da boca. Não sabia se era o vento ou aquele ar que me causava aquele frio angustiante que precede a explosão da sensibilidade.
Estou tentando acertar o desacerto causado por informações sentidas e despejadas.
Talvez eu consiga, após outra dose de café.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

SINTOnia

Pra que invadir desse jeito
abrindo as portas, limpando a sala
me atiçando e debelando meu peito
Preciso de uma explicação
talvez esse seja o melhor momento
ou certamente não
Não entre de novo assim
dizendo que não vai sair
e que a minha dor chegou ao fim
Pare de me fazer rir
porque está despertando algo
que eu não sei se quero sentir
Estou me vendo quase sem saída
não sei ao certo se quero tua presença
mas não quero nem pensar em tua partida
Isso me causou uma grande confusão
pois agora te quero aqui comigo
e você me tem na mão

sábado, 1 de outubro de 2011

Leve agitação do ar

Lá vai ela por suas andanças mundanas e desumanas e por vai e vens que só vão.
Dessa vez ela estava sentada, ou deitada ou dançando solitariamente e freneticamente em uma vitória-régia colossal que boiava por um rio sem margens.
Pescoço pra um lado pescoço pro outro e o vento roçava sua pele e acariciava o seu êxtase sem fim.
Seus cabelos dançavam conforme a sua música interna que poucos seriam capazes de ouvir e apreciar por não prestarem tanta atenção assim em rios, talvez.
As águas pulavam enquanto ela cantava sua poesia, como se estivessem aplaudindo aquela louca alucinada.
O caminho da planta desenhava involuntariamente uma obra de arte sobre aquele rio vibrante e uma mensagem era deixada propositalmente. E subliminarmente? Para alguns não.
Isso é o que se necessita.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Pensamento de um fim de tarde

Senti até pelas pontas dos dedos e até o último segundo, tudo aquilo que era quase nada que restava de algo que eu também não sabia se existia.
Desconhecia o limite da emoção e da razão que me levavam a ter e ser tudo isso que era nada.
Ser hipócrita e dizer que não me entreguei, não cabe.
Cabe ser verdadeira como sempre fui até a última gota de lágrima que consegui espremer.
Tentei arrancar esse nada de mim, como se fosse um câncer que me tomava, e eu brigava com ele como uma criança briga com uma cuba de gelo tentando tirar a última pedrinha que parece estar encravada.
Tentei da forma errada, tentando machucar mais ainda as entranhas de um corpo cheio de sentimentos feridos.
Tardava o dia, que parecia que jamais acabaria, e da maneira certa aquilo foi expulso, não sei se por osmose, mas de uma forma indolor e sem energia, essa fagulha que tanto me atormentava.
Foi-se naturalmente.

domingo, 25 de setembro de 2011

Sinto-me

Arrepender-me do amor e das loucuras cometidas por ele, não invade nem de longe os meus pensamentos.
Arrependo-me sim, de quando agi por ódio, raiva e vingança, e das loucuras infames que cometi por estes.
Arrepender-se do amor significa perder o sentindo da vida e o orgulho de sermos o que sentimos, e eu sou sentimento.
Não sou loucura porque já as cometi, nem sou doença porque já as tive, mas sou sentimento porque o tenho e ele me tem constante e infinitamente enquanto eu durar.
Talvez esse Eu não caiba no raciocínio de muitos, já que o natural hoje é ver as reações e as loucuras fundamentadas por disputas e rancor, e pra mim isso sim é doença, a presença da frieza, a falta do sentir, do se deixar sentir e se permitir.
Ainda vou fundamentar as minhas loucuras no amor, em flores misteriosas, em cartas perdidas, em beijos roubados e em carinhos trocados.
Digo que talvez essa seja a pior doença da modernidade, a falta do verdadeiro e a perda do romantismo.
Ainda vou viver sim à espera de uma mudança ou de uma surpresa porque isso não é ser só otimista e surreal, é ser verdadeiro, é ser e ter essência.
Hoje tenho consciência de que até suplicar pelo entendimento do meu pensamento/sentimento é pedir demais, mas sigo porque sei que um dia todos irão senti-lo e encontrarão no fim objetivos e cometerão loucuras lindas.
Não, não, não vivo de utopias, e sim da maturidade de reflexões, perguntas e respostas. Vivo de ser romântica e para ser a última romântica que nadará na arte, discutirá sobre telas e receberá flores. Vivo porque mesmo sendo atropelada por barreiras desleais encontro na vida a energia que não me falta para viver verdadeiramente e ser essa essência, intensa, que nunca vai mudar.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Amoras e framboesas na ponta da língua.

Esculpir e lapidar a vida de maneira a deixar-se os eus se beijarem e se tocarem.
Deixar a obra-de-arte se expressar com seu rosto e seu corpo pelas entrelinhas expostas.
Moldar o nada e viver a beleza da essência do jeito que ela é com o absurdo das diferenças mais absurdas e lindas.
Virar espuma de mar que toca os corpos ao pôr-do-sol mais irradiante possível.
Brindar e gozar a vida para que ao acordar a janelas se abram sozinhas pela dança dos ventos mais frescos e agradáveis.
Acordei assim, deixando a brisa bater, a poeira flutuar e a asa voar!
Agora eu quero sorrir, porque hoje eu sinto que sinto, que sinto, que sinto e SÓ.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O que será.

Não consigo ser pela metade, só sei ser inteira, intensidade.
Já caí nas garras dos meus próprios erros na ânsia de querer acertar um alvo invisível e por diversas vezes quis em minhas mãos tudo aquilo que era intocável.
A persistência em um erro implica na falta de maturidade, que em certas situações está atrelada a escolhas pessoais.
É impossível que se faça inexistente essa parte que hoje quero apenas ter como lembrança, pois um dia fez parte de mim e eu não nego as minhas raízes.
Fiz as minhas escolhas.
E foi dessa parte, que nasceu essa arte.
Seja muito bem-vinda e chegue pra ficar.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Agora ou nunca mais.

Tem que ser assim mesmo, exatamente com essa sandália nos pés

Tem que ser só e gastar a sola.
Tem que ser com essa calça desfiada e com essa camisa desbotada.
Acordei para sempre. Até que o sempre acabe sem que eu perceba.
Não flutuo mais e sonho menos.
Agora é preciso ter consciência e andar com esse pisante sobre a Terra que é exatamente onde eu vivo mas está longe de ser o que eu busco.
E repito que tem que ser só e com essas sandálias nos pés, segurando os pés, tornando esses calos sensíveis ao chão.
Ao chão frio, ao chão quente, ao chão de brasa e ao chão de neve. Ao chão que o tempo guardou.
Ao enxergar 360 graus verei apenas a minha sombra a todo momento. 
E injetarei em meu cortex cerebral esse objetivo com início, meio e fim.
Me doparei com inúmeras doses de ideais não podados.
E caminharei. Caminharei. Caminharei.
Caminharei por um chão escolhido da maneira menos precipitada.
Por um chão que parecerá não ter fim, mas terá. Um que será cheio de buracos, mas não terá tanta lama.
E se a escolha não fosse essa sandália rasteira mas sim um salto que me afasta do chão e faz com que eu me sinta maior do que preciso agora, tudo seria menos prolixo. 
Tudo seria pintado em tons de verdes, azuis, amarelos e vermelhos com tartarugas, peixes e onças.
Tudo não passaria de uma linha contínua de status frágil, barato e pagável. 
O outro caminho implica na preocupação com a limpeza e a vontade de estar visivelmente impecável para que o interno se torne superficialmente bonito.
E eu quero que o interno seja transparente e que seja o que realmente é, da maneira que eu plantei, e não da maneira que querem que seja.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Fugindo completamente do tema...

Acordar e perceber que você tem total controle sobre si mesmo é no mínimo agradável e satisfatório.
Vivemos a correria do dia-a-dia onde estamos sempre abertos a absorver energias boas e ruins sem que possamos perceber. E podemos assim, chegar ao final do dia com uma tensão e uma carga emocional muito forte e agressiva, que é prejudicial a alma. Diante disso é necessário iniciar um processo individual de fortalecimento e crescimento pessoal, se concentrando apenas em si. É importante rever e analisar tudo que se passou, para que fique claro tudo o que deve ser repetido e tudo que deve ser evitado! Ter saudade do passado não é um ponto negativo, a final para tê-lo de volta, garanto que depende apenas da iniciativa de cada um que tenha autoconfiança e acredite em seu próprio potencial. Ter objetivos traçados e deixar um pouco de lado a ingenuidade, tentando enxergar as pessoas com olhos menos românticos e mais críticos, também não faz mal. As vezes temos visões distorcidas em relação à todos que estão participando de nossas rotinas, e a verdade é que a decepção é muito constante, e vale sempre como aprendizado e nada mais. É importante que se deposite a maior parte da força e da energia própria em atividades e pessoas que ajam de maneira recíproca e o mais transparente possível. Deixem que as pessoas desprovidas de cargas positivas e que estão sempre tentando nos deixar "pra baixo" se afundem sozinhas.
Talvez tudo isso não seja fácil, e realmente não é! Mas amadurecer é preciso, e viver também.
A vida é um eterno aprendizado e é assim que podemos ajudar os outros e o mundo, aprendendo e nos ajudando primeiro.

"Talvez alguém em algum lugar precise dessas palavras, ou talvez esse alguém seja eu."

sábado, 27 de agosto de 2011

Me consumindo

Nadei nos segredos mais secretos para que surgissem intimidades e palavras inusitadas.
Alcancei os toques mais sensíveis com a esperança talvez de proporcionar o que jamais teria acontecido.
Esgotei o todo para depois me livrar de uma saudade inusitada e sem sentido.
Fraquejei ao extremo para fortalecer o tédio que corrompia a cor.
Naufraguei em meus copos d'água que boiavam sem nexo e cheios de lamúrias.
Reguei com prantos os confusos pensamentos inimagináveis que pareciam ser coerentes e perturbadores.
Pisoteei a falta de desejo reinventando um contato desejado.
Esperei o momento certo para fazer coisas erradas.
Amanheci diante do infinito para refazer o contorno das bases.
Arrebentei os laços como uma onda alucinada que estaciona no raso a sua frieza viciante.
Adiantei prazeres peculiares para satisfazer sorrisos contagiantes que se tornaram prescindíveis no final.
Caminhei por ruas sem saídas e cheias de curvas que me impediam de seguir adiante ou sequer de voltar atrás.
Penetrei em noites chuvosas para torná-las aconchegantes e nuas.
Decifrei senhas invisíveis escondidas nas profundezas dos limites.
Desbravei uma terra sonhada em busca de um voo e me deparei com uma realidade crua com folhas jogadas ao vento sem rumo e sem calor.

Nunca desejei tanto a dor da saudade de alívio que vive aprisionada nas carícias do medo que existe em mim.


terça-feira, 23 de agosto de 2011

Lacunas

Completas são aquelas linhas desestruturadas que não se findam com pontos, e seguem construindo o parágrafo sem que regras e normas limitem seu conteúdo e estrutura. São linhas imperfeitas, obscenas, imorais, odientas e imprevisíveis.

sábado, 20 de agosto de 2011

Uma breve viagem

Leve vento leve
que desmancha pelo tempo
em calor e poesia

Leve, vento leve
esse amado mais desalmado
que o mundo possa ter inventado

Leve vento, leve
esse outro eu
que toma tudo que é meu
me lembrando como já sofreu

Leve, vento leve
a memória do meu coração
que atormenta quando está no céu
e que me sufoca quando volta para o chão

Leve vento, leve tudo aquilo que não eleve

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Expectativas ao vento

Acordei alguns dias pensando o que seria do próximo dia que estava por vir.
Minhas perguntas ecoavam em meus ouvidos sem que ruídos externos interferissem na resposta ao nada.
Nada de resposta.
O dia que acordava era insignificante, pois a ânsia pelo depois atrapalhava.
Mas o que vem depois?
Eu não sabia, nem ninguém que eu procurava sabia também.
Outros nem queriam saber.
E hoje, o que me importa?
Não sei, pois ainda estou na agonia de querer saber o que vem amanhã.
E se for nada? E se for tudo? E se o tudo que vier for nada?
Antes nada do que o pior.
Aliás antes o pior do que o nada! Nada aumenta minha ânsia pelo tudo que está em algum lugar.
Tudo que simplesmente não sei se vem amanhã, ou depois, e depois, e depois, e depois.... De amanhã!
E o provável é que não venha, porque eu sinto que não sinto falta de muitas coisas.
Mas a ânsia me toma, porque eu sinto que sinto falta de muitas e muitas outras.


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Autofagia

Despertar de um transe profundo.
Criado solitariamente com o próprio corpo e mente.
Cair em si depois da busca pelo impiedoso.
Permeabilizar eternamente o que traz a visão.
Lutar bravamente, aos prantos, por aquilo que será degenerado pelo tempo.
Sentar à beira da cama, olhar os pés e não ver o chão.
E ter a agoniante certeza de que a reciprocidade já não passa mais de um pretérito imperfeito e vagabundo.
O baque que trazemos para nós mesmos após a interrupção de uma condição de vida constante e cheia de costumes é traumatizante, é autofágico.
O importante é saber se regenerar, e lembrar que:
"Tudo passa, tudo sempre passará".

terça-feira, 26 de julho de 2011

Liquidez

É deplorável e caótico avistar pensadores formadores de opinião baterem palmas para ditaduras que pregam um sistema seco e quadrado onde a falta de humanismo impera com arrogância e vaidade.
Não sei ainda se o incômodo se torna onipresente em função dos que pagam pelo show e assistem com louvor ou em função do silêncio sem eco e sem substância.
Prefiro, em uma visão otimista, ou romântica demais, achar que esse silêncio está visceralmente enraizado de reflexões úteis, críticas e prioritariamente individuais.
Para onde se vai alguém que acredita veemente que quem se relaciona com a Arte não trabalha? Que se relacionar com o processo criativo é sinônimo de desleixo e comodismo?
Alguém que menospreze de maneira ofensiva um desenvolvimento artístico impregnado de conteúdo? Para onde se vai esse alguém tão técnico que merece que todas as suas células ignorantes sofram apoptose? Talvez para algum espaço reservado no Paraíso comprado em uma dessas instituições religiosas milagrosas.
Penso eu, que o céLebro desses atrofiados realmente se desenvolveram pela metade. Aliás, não só penso, como comprovo devido ao escandaloso comportamento que se assemelha ao de um réu confesso.
É degradante, mas é real: Ainda vamos necessitar muito de pessoas necessitadas.
Diante disso saia desse ambiente, vá fumar um cigarro e coloque a poeira debaixo do tapete. Ou se perca, melhor dizendo, se encontre em seu "introspecto" deixando que seus próprios ideais se disseminem em seu corpo enérgico. 
Ou se descabele.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Dela, para Ele.

Olhares intensos, certeiros e cínicos.
Flechada.
Certamente.
Eu não sabia de nada, era o que você imaginava, mas eu já sentia tudo.
Imagino eu.
Hoje o passado se concretiza para que vire um futuro. Talvez.
E talvez você não saiba.
Mas já tem tempo...
Envolvida, apaixonada, debilitada e implodida. 
Você me deixa sem carne, sem aparência e me causa arrepios.
Você me faz água. Transparente.
E eu sou água.
E essa essência que sou, surge quando o meu Eu se encontra junto ao seu.
Saio de órbita quando a distância se aproxima e me faz questionar a veracidade dessa caminhada.
Eu sou o meu coração.
E você está impregnado nele.
A partir desse ponto, jamais desejarei a sua ida, nem muito menos suplicarei a sua volta.
Se quiseres saber o que eu espero, a resposta é nada.
E para o que eu sinto, a resposta é tudo.
Mas não quero que você vá, a não ser que você queira ir. 
E então terei um coração debelado.
Acho que encontrei em você, tudo aquilo que eu não procurava.
E Agora estou amando.
Que o veredicto seja o infinito.
"Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja Infinito enquanto dure."

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Devaneios de uma otária meio amadurecida

Um dia vivi uma certa ilusão. Dentre muitas outras que já me atormentaram, esta foi como uma flechada certeira que cravou em meu peito.
Meus olhos formavam uma piscina particular. Só ele poderia mergulhar e nadar naquele imenso azul que era só dele. Só ele poderia ser atingido por aqueles meus olhares, hora felina, hora menina. Só ele poderia enxergar o meu sol que circunscrevia minhas pupilas, que iluminava nossas manhãs e muitas noites.
No começo o tempo parecia ser um inimigo que nos enfeitiçava com um pó amargo chamado: saudade. Em muitos momentos tentei conversar com ele (o tempo), pedi para que ele parasse, mas ele não parou, pedi para que ele voltasse, mas ele não voltou, e então descobri que o relógio não falava e nem entendia a língua do homem, e que precisava respeitá-lo do jeito que ele era, certas vezes lento como uma lesma, e certas horas semelhante à velocidade de propagação da luz no vácuo. Mas sempre sábio.
Aquilo que tínhamos, era como um pacto irrevogável. Era inócuo, indelével, áureo e intocável. Pelo menos era o que achávamos.
Existiam curvas e caminhos que só nós dois poderíamos seguir juntos para que fossem desfrutados até o limite do esgotamento.
Depois surgiram separações desumanas. Elas trouxeram a chuva para dentro de casa e atormentaram o sono, o banho, os estudos e o resto dos dias que aturávamos com a ausência da outra metade.
As inúmeras viradas dos anos que antes traziam-nos paz, felicidade e prosperidade, começaram a nos trazer opostos.
A vida começou a parecer uma tela vazia, sem cor, e as tintas que começamos a usar eram de má qualidade e não eram à prova d’água, assim eram lavadas constantemente pelas tempestades freqüentes.
Decidimos então usar nossos próprios pincéis para colorirmos cada um a sua própria tela, à sua maneira.
Nossa tela já foi muito colorida, mas creio que hoje ela deva ser posta em um museu, talvez na sala principal, e ser cuidada como a Monalisa de Da Vinci, para que nós possamos fazer curtas viagens pelas lembranças especiais que estão impregnadas em cada traço.
Então, concluo dizendo que é possível que a nossa obra-de-arte já tenha sido finalizada e transformada em um patrimônio memorável. Sei que ela pode pedir um retoque um dia, mas hoje nossas tintas tem tons diferentes e a falta de harmonia entre as cores fere o artista.
A tela ficará pendurada, talvez pra sempre, mas quem sabe um dia a gente aprenda a esculpir?
Afinal, quando desacerto os ponteiros do meu relógio, ainda sinto a sua falta.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Clarice Lispector

"Não me prendo a nada que me defina. sou companhia, mas posso ser solidão. tranqüilidade e inconstância, pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono. Música alta e silêncio. Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser. Não me limito, não sou cruel comigo! Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer… Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato. Ou toca, ou não toca."


Vazio Absurdo

A carência é infiel.
O excesso de carência é fatal.

Aperta, dói e desespera. O 'um' sozinho ja não basta, é preciso mais! É preciso de 'um' a cada tempo, a cada minuto para tentar encher o saco sem fundo.
Promessas de amor eterno a todo instante, frases soltas a qualquer ouvido que esteja disponível, beijos e carícias trocadas por nada, apenas para não parecer um saco vazio, furado.

Aí vem a síndrome 'Dona Flor': amo mais de uma pessoa ao mesmo tempo, quero dois maridos!
Acorde, você nem se ama.

Compromissos a todo momento, que para não deixar a mente vazia, ou melhor, o coração angustiado tomado pela insegurança!

Aí vem a síndrome do 'esperto' que na verdade é o Medo de ser feito de bobo. 
Bobo, bobo, bobo. Inseguro que dá dó.

Quem disse que a cabeça fica no lugar? Quem disse que a razão tem vez e voz?

A carência faz chover...

No final, a coisa tá feita e escancarada. A carência apavora, traz à tona o medo da solidão. Traz a solidão. Traz o só. Te deixa mais só.
Aliás, que alívio seria se fosse mesmo o final!

O 'um' se encontra com o outro 'um', que se encontra com o outro e com o outro... E no final 1+1+1+1+1+1= 0
E você não é mais Dona Flor e nem o Esperto! Longe disso, bem longe...

E olhe SÓ, você SÓ denovo. 

Nem adianta esperar o sono, porque ele não vai fazer a dor passar, nem a consciência pesar menos.
Todos os 'uns' já sabem de tudo, e o pior: Você também sabe de tudo que fez.
Que lindo!

Como manda a Física, para toda ação há uma reação. Mas se tratando de uma 'matéria' que não é exata... Para cada ação há tantas reações... E todas vão fazer questão de aparecer.

Mágoa para todos os 'uns' e para si mesmo. Todos os 'uns' somem e você também quer sumir.

Errou, errou, errou...
Mentiu, menti,mentiu...
Machucou, machucou, machucou... muita gente.

Infiel a todos e a si.

Nada valeu à pena e a alma foi pequena.

sábado, 2 de julho de 2011

C'est fini

A forte tempestade que caía lá fora não incomodava tanto.
Os pingos fortes que machucavam a madeira da varanda não causavam tantos danos.
A água que descia de maneira ríspida e imbassava todas as janelas tirando parcialmente nossa visão, não era tão ruim assim.
Mas as goteiras e os ventos que sopravam dentro de casa simultaneamente resultando em uma tempestade impiedosa e amarga, produzindo uma atmosfera agoniante, isso sim causava inquietude.
A fumaça cinzenta que já não era mais tão insuportável tomava conta dos ares interiores.
-Ares acinzentados não me perecem interessantes, nem calmantes. Podem até ser reflexivos, mas no momento só eram nervosismo-
Nem as folhas calmantes em um bule de chá faziam efeito.
Todos os jarros e castiçais foram ao chão.
As portas se renderam aos encantos do tenebroso chão, e se deitaram bruscamente.
Todas as almofadas colidiram com as paredes liberando penas, e mais penas, e mais e mais penas artificiais.
O lustre, mesmo preso com tantos reforços, decidiu estapear a mesa que estava logo abaixo.
As cortinas não aguentaram e sairam voando.
Os pratos e copos foram rolando em fuga pela porta, antes que sobrasse pra eles também.
Até os cachorros pularam o portão.
Chovia, chovia muito. Mais dentro que fora.
Não sobrou nada.
Dessa vez, estava tudo acabado.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Divina Solitude

Diferentemente da noite passada que o sol não deu as caras, hoje fiquei cega com tanta luz.
Não era necessário olhar sobre as janelas e nem perturbar as cortinas para vê-lo ou senti-lo.
O sol, ao qual me refiro nao depende de hora, dia, nem lugar para dar o ar da sua graça.
Comigo mesmo, foi a noite, por entre minhas paredes amadas que circundavam um deserto maravilhoso e até sedutor.
Paredes queridas! Paredes verdadeiras e singulares!
Ah minhas paredes! Nos entendemos tão bem...
Estava sentindo falta dessas paredes e desse deserto mágico que reflete a minha sombra a todo momento, deixando-a visível aos meus olhos e arrancando-me sorrisos orgulhosos de maneira involuntária!
Sorrir sem nem sentir! Sabe como é? É tão leve, é tão verdadeiro...
Naquela noite eu troquei muitos olhares penetrantes, firmes e cheios de certeza com aquelas paredes lindas. Elas agiram com reciprocidade e me presentearam com um solo, fixo, forte, indestrutivel e insolúvel às minhas lágrimas.
O sol veio para clarear minha visão e me fazer enxergar que minhas paredes me bastam e o meu deserto me preenche.
Para me mostrar que o meu chão surgiu a partir das minhas paredes, construídas por mim, impregnadas com o meu Eu.
Meu verdadeiro Eu que estava viajando! Mas agora está em solo.
Naquela noite, tudo que era "líquido" se foi janela a fora. 
Sobrou apenas o que era sólido. 
Eu não reclamei, porque aos limites das minhas paredes sou eu quem mando, convido e expulso.
Então nada aconteceu por um acaso, e sim por uma vontade que estava escondida e agora escancarada.
Um novo encontro com uma nova pessoa cheia de traços antigos e nem um pouco discretos.
Traços que arrancaram muitos olhares enquanto Eu me fingia de desentendida.
Mas Eu via tudo!
Provei gostos muito amargos até chegar a esse solo.
Mas hoje essa vontade de permanecer nesse solo e nesse deserto, é o meu combustível.
Se o combustível faltar, o sol vai embora e o solo se rompe como nos sertões.
Mas tenho consciência que potencial não me falta para que esse combustível não se torne escasso mesmo que o seu preço se torne exorbitante.
Eu vou ficando por aqui, preciso correr pra minha nova construção que está à minha espera.
Hoje ainda vou me deitar nas areias do meu deserto para tatuar anjos e ainda preciso meditar com minhas paredes, elas estão sempre à minha espera, como ninguém mais.

domingo, 19 de junho de 2011

Fraqueza

Puta flor envenenada, que por entre a vasta beleza da natureza, enganou-me e tirou-me sangue!
Espetou-me sem dó nem piedade!
Perfurou-me as entranhas, que até então eram virgens!
Era linda, enquanto estava distante!
Mas tornou-se repulsiva!
Merece ser julgada e condenada!
Murcha, sem cor nem oxigênio!
Enganou-me com seu aroma!
Ai, que perfume!
Cegou-me com sua beleza indescritível e incomparável!
Flor maldita e magestosa!
Erva daninha, praga da pior espécie!
Era coisa de Galápagos!
Mas sua beleza tornou-se asqueroza.
Só porque encostei o dedo em suas raízes.
Raízes em 'estado de putrefação' e sem procedência.
Raízes perdidas no calor dos finos grãos soltos a mercê dos ventos.
As hemácias que jorraram do meu corpo machucaram minhas visceras e me cicatrizaram.
O vermelho que passeia pelo meu corpo, antes um furo na ponta do dedo, agora uma hemorragia.
Espinhos com substância jamais vista antes.
Ela ainda me corta, dilascera, arrebenta, devasta e me vicia.
Não mata, mas escraviza.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Questionamento momentâneo

O que é o amor? Esse 'sentimento' tão idealizado e divino, que dizem só fazer o bem.. Será mesmo? 
Se esse tal de amor SÓ fizer bem, então a escassez dele em meu planeta, em meu mundo, é extremamente alarmante.. É quase um paradoxo, mas é a abundância de escassez, é a existência da inexistência!
Mas se algum resquício desse amor for encontrado, largado, no meio do caminho, concluo que ele pode revelar-se em faces distintas... Ou melhor, em mil faces completamente distintas mas complementares... Em pétalas leves e exuberantes que atrai qualquer olhar pelo brilho da cor ou em caules recobertos de espinhos pontiagudos e venenosos...

Às vezes sentimos tanto essa coisa que acordamos em berço de ouro, de Rei, de Rainha.. Não pela riqueza do material, não pelo ouro propriamente dito, ao pé da letra.. Mas pelo esplendor de algo que sentimos e é simplesmente envolvente, confortável, e trás a sensação de completude! É como olhar a noite mais bonita do ano e ter a oportunidade de alcançar a lua, e de quebra ainda ganhar uma estrela para compor o seu quarto! É como se o nosso corpo ficasse transparente e brilhasse ao mesmo tempo! É como se os olhos fossem programados para enxergar apenas aquilo que é maravilhoso tornando o sorriso constante e involuntário... Ir a qualquer lugar, agrada! A energia é tão positiva que nossa luz interior se externaliza e irradia, fazendo com que surja um brilho tão intenso capaz de cegar. É como passar o dia mergulhando com golfinhos e colhendo flores em um belo parque.. (bucólico né?)

Mas de repente dormimos, apenas dormimos, nada mais aconteceu além do sono, adormecemos e...
E ao acordar nos encontramos em um lugar escuro, sem chão, sem céu, sem mar, sem borboletas coloridas, sem água! É praticamente um local onde a possibilidade de sobrevivência é nula! O lugar onde a dor impera... Ou o que impera é mais uma das faces desse amor 'divino'!
Não tem oxigênio, a respiração é complicada, é como se você passasse por uma metamorfose e virasse um ser 'quase procarioto', um ser simples, tão simples, que a 'significancia' desconhece. É como jogar ácido sulfúrico no peito, e deitar-se, para esperar a corrosão de tudo.. Ou do nada! Arde e dói! Fere e penetra pelas entranhas da pele, da carne, do corpo, do ser quase desumano. Perto disso, morrer é simples demais!

Por que algo tão traiçoeiro às vezes parece tão essencial? Por que foi inventada uma coisa que te dá uma rasteira e faz com que você sofra um traumatismo craniano, e ao mesmo tempo essa coisa te revigora e te ressuscita!

Até onde se vai por esse amor? Quanto é preciso morrer e matar?

Por que as vezes, para conhecer o amor é preciso abdicar do orgulho, do ego, de nós mesmos? Aliás, será que isso é amor?O que diabos é o amor?

É algo ilimitado, indefinido, que se sente. Não tente me explicar, não tente argumentar, não me venha com raciocínios lógicos que é perda de tempo! Estou presa na incompreensão!!!!


 
Vai além das teorias dos sábios pensadores conhecidos e desconhecidos.. É tão imenso que pode tornar minhas palavras ridículas e até incompreensíveis como deve ser um elefante para uma formiga.

Estou com medo do sono chegar... Mas por outro lado, também estou doida para acordar.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Reflexo e Reflexões

Pelos reflexos do espelho vejo tudo que passou com uma sensação de melancolia e nostalgia.
Em pé, paralizada, inerte, sem piscar, com a testa relaxada e a boca meio aberta, me vejo, apenas me admiro em frente ao espelho.
A vida como marca d'agua sob a superfície plana parece-me tão simples e bela.
As lágrimas queriam ultrapassar a barreira forte que parecia intransponível. Elas venceram e se libertaram.
Elas me libertaram.
Amor, prazer, êxtase, alegria, paz, tranquilidade... Tudo misturado naquele reflexo.
Me senti saudosa e orgulhosa.
Tudo que foi vivido, simplesmente não foi em vão.
Que alívio!
Me enxergo diante do espelho, em lágrimas, pois me encontro rompendo meu cordão umbilical com a vida que se passou. 
Está na hora de deixar o passado ir.
O que foi vivido foi somado! Mas hoje eu sinto necessidade de multiplicar.
Estou me encontrando e o passado me faz rir e soluçar.
Esse momento é meu. Não vejo, não escuto, nada além desse filme.
O cordão me prende ali, mas hoje eu decidi voar.
Preciso saber o que existe atrás das montanhas.
A Terra não é mais o suficiente para mim.
Experiências passadas abriram caminho pra novas experiências.
Eu me reencontrei, eu me reinventei e agora eu me reconheço!
Quero mergulhar em novos ares.
Fui me desgarrando aos poucos e hoje criei asas.



Passado: Não queira mais me segurar e se a vontade surgir, mate-a.


Estou alçando vôo.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Impurezas



Está tudo fora do lugar.
Livros pelo chão, tapetes pelas estantes, roupas pela cama, travesseiros engavetados, baldes pela mesa, copos pelos cantos, bacias no varal, fogão no quarto, cama no corredor, armários no elevador, pensamentos pelo lustre, camisolas pelas janelas, redes pela cozinha, talheres na roupa suja, remédios pelas lojas de calcinha, carros pelos jardins, bicicletas ao mar, surfistas pelas pistas, flores pelos lixos, pessoas pelo ar, plantas pela pia, animais pelos restaurantes, árvores em teatros, cortinas em caminhões, coração em qualquer lugar, cigarros entre os dedos e bebida em mãos.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Todo dia era noite

Raios-de-sol penetravam o infinito azul flutuante.
Ainda sobressaía o lilas do dia.
Quando os lábios se tocavam, era como a última brasa da fogueira! Que por entre vai e vens ateava o fogo capaz de se comparar ao magma no núcleo terrestre! Altas temperaturas em todos os continentes, de norte a sul, de leste a oeste! 
A temperatura se alastrava pelo caminho, tomando conta do todo, que devastava cada poro por onde passava, espantando cada fio preso ao solo! Diferentes caminhos eram seguidos e surpreendidos!
Bom dia Henrique!
E por entre o calor do astro rei, depois dos ponteiros que se encontravam juntos pela metade, nenhum termômetro havia de resistir à temperatura que raríssimos seres resistiam.
Mãos que passeavam por entre solos desconhecidos, porém não proibidos, que por entre pernas e coxas fazia com que tudo parecesse uma escuridão com pontos intensos de luz. Sons que alternavam comandando o centro de comando! E após saír para catar conchas na beira da praia, o mar vinha em fúria e inundava cada grão de areia!
Boa tarde Alexandre!
Tardava o dia, e por entre a escuridão que se prolongaria à alvorada, nada era mais intenso que essa passagem! Isso mesmo, passagem.
Os corpos nem precisavam se tocar, já que seus olhos explodiam como vulcões em erupção prestes a espalhar lavas destruidoras do que obstruísse o caminho! Era uma energia inimaginável que fazia os pensamentos fluirem como a correnteza natural das águas. Os órgãos pareciam ter peso nulo, a carne parecia levitar ao passo que o peito explodia por algum motivo não descoberto, ainda, ou jamais descoberto. As córneas mapeavam cada detalhe em uma escala imensa, pois cada tracinho era essencial. Sem dúvidas a imperatriz aurora era magestosa! Dois corpos passavam a ocupar o mesmo lugar no espaço. Era transcendental. No momento em que a física era contra-argumentada, a cidade acordava, ninguém mais era capaz de ter sono. Os postes acesos por todas as esquinas e os apartamentos em movimento. Mas nada importava. 
Boa noite Luíz! 
E durma bem.

Tem tempo...

É bem simples, não tem muita técnica, mas eu gosto desse desenho!
30/09/2007- Roberta Magalhães

"Desamor"

Não sei se foi quando eu tava escovando os dentes, ou quando eu tava amarrando o cadarço...
Não sei se foi quanto eu tava abrindo um pacote de biscoito pra comer, ou quando fui colocar o celular pra carregar...
Não sei se foi quando fui lavar as mãos para almoçar, ou quando eu estava me enxugando depois do banho...
Não sei se foi quando eu estava usando fio dental, ou se foi quando eu estava procurando um brinco que havia perdido...
Não sei quando foi! Na verdade nem sei o que foi... Apenas aconteceu.

O desamor é embaraçoso. O que leva alguém a dormir amando e acordar querendo arrumar as coisas pra ir embora? É até vergonhoso, é terrorista até.
Você se sente um traidor, mas fazer o que? Não pedimos para sentir isso. Aconteceu e ninguém sabe como, nem quando.
Falando, parece ser simples não é? Como já dizem, pimenta no olho dos outros é refresco... Aliás, volto atrás! Simples é, mas as consequências é que não são nada simples!Longe disso!

O desamor é avassalador.. Ele não é sem graça, ele nos deixa sem graça. Mas ele é forte como o rebolado da crioula em noite de festa. Tá bom, ou quer mais?

Ele não mata, ele surge depois que algo morre! É diferente.

E o que vamos dizer, após malas feitas e prontas? "Tchau, já vou assim, sem mais nem menos, mas eu vou..." ou "Tenho sim uma explicação, mas você nunca entenderia..."
Vamos dizer isso porque o desamor não precisa de compreensão! Ele é injusto mesmo. Ele faz sangrar, joga água levemente salgada na ferida e te dá as costas. 
Resumindo, ele te fere e te faz chorar.

O desamor é assassino... Mas ele existe! Infelizmente ele surge mais ou menos assim, sem mais nem menos.

E denovo: o que dizer? Quer saber? Não diga. 
O que fazer? Nem diga, nem muito menos faça.
Seja covarde, porque o desamor é covarde.

O desamor é infiel, é indiferente, é singular.

Ele é tão desumano que só aparece quando existe amor! Ou seja, você só 'desama' quando ama! Isso é justo?

Seu companheiro te dá atenção, te liga, te leva a um jantar à luz de velas, te manda flores, te faz sentir coisas inexplicáveis, te pede em casamento, e... É a ele quem você vai 'desamar'. POIS É.
O cara que lava o carro do meu vizinho não me desperta sentimento nenhum, mas pelo menos ele não me desperta o desamor!
É preferível ser o lavador de carro, a ser o indivíduo  desamado'!
Agora é justo?

 A vida é injusta, o 'desamor' mais ainda.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Me tragam tempestades

As vezes chuvisca, que é pra preparar o terreno pra tempestade que está por vir.
Não vou negar que posso adorar as tempestades.
Os raios-de-sol não teriam o mesmo 'brilho' se não surgissem após trovões e trovoadas.
As vezes cai tanta água, que você chega a implorar por um sol! 
E o melhor de tudo é que cedo ou tarde, ele sempre vem!
Não é incerteza, é segurança. Ele sempre vem.
Mas as vezes é bom que ele demore mesmo, porque tanta certeza pode apagar o brilho.
A espera mostra o valor que muitas vezes está apagado ou sutilmente esquecido.
O sol que nasce todos os dias não nos 'parece'  tão necessário.
Como já dizia Shakespeare "Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo..."
Então, é por isso que posso adorar a tempestade, porque ela é necessária! 
Ela não deixa queimar, ela não deixa morrer.
São os raios que surgem depois dela, que aquecem na medida certa os nossos corações.