sábado, 21 de janeiro de 2012

"Em fim sós"

Enquanto você passa, me olha e disfarça e fico sem graça
Então também finjo que não vejo, simulo um desprezo e te encho de desejo
Aí você me olha de longe, depois some e se esconde e eu não vejo pra onde
E bate um desespero só por não estar mais sentindo o teu cheiro
Mas a raiva me toma e eu sento em outra mesa e peço uma cerveja
Converso com o garçom, ele me indica um drinque bom e uma garrafa de Salton
A bebida me sobe e eu viro esnobe 
Troco olhares, números de celulares e bebo uma taça de Campari
Aí você reaparece, percebe o que acontece e logo enlouquece
Ninguém mandou brincar, com meu signo de água e ar e depois não aguentar
Mas eu deixo tudo de lado, porque a verdade é que por dentro desabo por teu jeito desajeitado
Então me encanto, decido e levanto, te chamo no canto
As mãos se entrelaçam, os beijos escapam e os corpos se amassam
Eu olho pra você, você olha pra mim e a noite parece não mais ter fim
Conversamos com graça sobre o que realmente se passa e deixamos de lado toda a pirraça
E então eu te digo que nada mais faz sentido quando você não está comigo e logo ganho o seu sorriso
Porque eu sei que a nossa química aconteceu desde a primeira vez que o meu olhar encontrou o olhar teu

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Todo mundo e o Mundo

Questionamentos polêmicos surgiram em minha mente esta madrugada durante sonhos que tive e perduraram por toda a manhã.
Tenho mania de analisar, principalmente as pessoas, seus gostos, suas ideias e tenho ânsia e curiosidade em saber o "por quê" de certas atitudes que são tomadas.
Hoje surgiu algo amplo em mim, ao me perguntar se o mundo em que eu vivo, é o mesmo em que vivem as outras pessoas que me cercam. 
Estudos dizem que uma parte de tudo o que vivemos, é influenciado por nosso subconsciente, e que a mente das pessoas pode transformar e moldar muitas situações, fazendo com que um mesmo lugar ou situação tenha diferentes significados para pessoas diferentes. 
Li e pesquisei, e cheguei a algumas conclusões iniciais.
Quando se trata de espaço físico, sim vivemos todos em um só lugar, porém a complexidade aumenta quando entramos no âmbito dos pensamentos alheios distintos, pois como sabemos "cada cabeça é um mundo", e assim o espaço torna-se diferente de acordo com os comportamentos exercidos sobre as situações, que são fruto dos ideais de cada um. Um exemplo bem simples e de fácil entendimento: uma cena composta por meninos de rua em uma sinaleira pedindo esmolas, será visualizada e interpretada de diferentes formas a depender da criação e dos ideais de cada um, alguns pensarão que são pobres coitados, outros pensarão que são marginais, outros terão medo, outros sentirão pena, outros ajudarão, outros dirão que são meninos explorados por mães preguiçosas, outros dirão que são vagabundos, outros acenderão um cigarro e outros apenas fecharão seus vidros e seguirão seus caminhos como se nada tivesse acontecido. Essas diferentes reações podem e devem ser compreendidas, pois todos possuem "raízes" diferentes, e assim cria-se o universo particular de cada um e passamos a viver em um mesmo mundo diferente.
O fato é que ao analisar as atitudes, por mais distintas que sejam, elas se interceptam em um ponto: o desejo de fuga.
O mundo não está de cabeça pra baixo, nós é que estamos de ponta cabeça, ou coisa assim. Os problemas existem, e estão cada vez mais escancarados, e quando não botamos a culpa destes em alguém, procuramos fuga, mas nunca tentamos solucionar nada, e assim a poeira é empurrada pra debaixo do tapete. Todo mundo está buscando formas pra fugir da realidade, uns vão consumir futilidades feito loucos em shoppings e transformam o seu visual para enfeitar o seu interior vazio, outros buscam experiências "transcendentais" e vão tomar chás de cogumelo e ingerir alucinógenos para ver coisas coloridas e positivas e acabam agindo como verdadeiros hipócritas com falsos ideais transformadores. O fato é que ninguém quer lutar por nada, pois os ideais egoístas e individualistas tomaram conta de todos, e enquanto a satisfação pessoal for alcançada, ótimo. Estamos mascarando o senso coletivo com pinturas da MAC ou com "becks", para uma pequena satisfação pessoal que se faz calmante no momento em que nos vemos fora de todos os problemas da realidade.
Não estou falando de coisas pequenas, e que as pessoas devem parar de consumir marcas ou de fazer uso de suas coisas ilícitas, isso é hipocrisia, e para mim é o radicalismo em relação a tudo que acaba por destruir o equilíbrio ideal. Aliás até esse equilíbrio ideal se difere de um ser para outro, porém ele poderia ter um pouco mais de semelhança se todos passassem a ter um senso coletivo, se tivéssemos a capacidade de olhar para o lado e ver que existem outras pessoas ocupando um espaço comum ao invés de enxergarmos um espelho.
Precisamos pensar que se os problemas foram dados é porque temos capacidade para solucioná-los, a questão é que precisamos de paciência, inteligência, senso de coletividade e perseverança, pois algumas soluções levarão dias e outras atravessarão gerações. O importante é não ficar sentado em frente a tv enquanto a vida acontece lá fora, pois a nossa falta de participação também é causa dos problemas que acontecem.
Abandonar a realidade é uma fuga momentânea e além de abandonar problemas acabamos por abandonar a verdadeira intensidade que dá um real sentido ás nossas vidas. Abandonamos a esperança, abandonamos um amor verdadeiro, damos as costas para uma felicidade plena que acreditamos não existir, deixamos de lado os valores da alma e assim seguimos em uma vida repleta de EGOísmo, sorrisos artificiais, riquezas vergonhosas e fumaças ilusórias.
Sejamos menos covardes.



sábado, 7 de janeiro de 2012

Vão, se vá.

Sei que não queria saber ao certo o que me afoba em certas horas dispensáveis. É que quando olho pro céu e me vejo rodeada por uma imensidão, esse conjunto que a minha visão alcança me faz refletir. Surgem assim as lembranças, e então o meu universo entra em conflito e deixo de saber que posso reparar as estrelas e começo a perceber apenas o tom escuro da noite. Quando essa sombra se faz, passo a não enxergar pedaços de mim que precisam de mais atenção. E nesta infinita tela escura e obscura vejo películas de um filme antigo que não são mais capazes de contar histórias, ou pelo menos de continuar a narrar os fatos interrompidos. Tento por um FIM ao final de cada um, para que eles possam parecer ao menos apresentáveis aos olhos de quem não os assistiu. O grande problema é que ainda tento por um fim em algo que já está danificado, ultrapassado e deixado de lado. Queria que fosse falta do que fazer, mas não é.
E essa noite ainda insiste, mas ela já não tem a menor graça pois já consigo compreender que basta um simples acordar para enxergar o brilho e a claridade de um novo dia.