segunda-feira, 30 de maio de 2011

Impurezas



Está tudo fora do lugar.
Livros pelo chão, tapetes pelas estantes, roupas pela cama, travesseiros engavetados, baldes pela mesa, copos pelos cantos, bacias no varal, fogão no quarto, cama no corredor, armários no elevador, pensamentos pelo lustre, camisolas pelas janelas, redes pela cozinha, talheres na roupa suja, remédios pelas lojas de calcinha, carros pelos jardins, bicicletas ao mar, surfistas pelas pistas, flores pelos lixos, pessoas pelo ar, plantas pela pia, animais pelos restaurantes, árvores em teatros, cortinas em caminhões, coração em qualquer lugar, cigarros entre os dedos e bebida em mãos.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Todo dia era noite

Raios-de-sol penetravam o infinito azul flutuante.
Ainda sobressaía o lilas do dia.
Quando os lábios se tocavam, era como a última brasa da fogueira! Que por entre vai e vens ateava o fogo capaz de se comparar ao magma no núcleo terrestre! Altas temperaturas em todos os continentes, de norte a sul, de leste a oeste! 
A temperatura se alastrava pelo caminho, tomando conta do todo, que devastava cada poro por onde passava, espantando cada fio preso ao solo! Diferentes caminhos eram seguidos e surpreendidos!
Bom dia Henrique!
E por entre o calor do astro rei, depois dos ponteiros que se encontravam juntos pela metade, nenhum termômetro havia de resistir à temperatura que raríssimos seres resistiam.
Mãos que passeavam por entre solos desconhecidos, porém não proibidos, que por entre pernas e coxas fazia com que tudo parecesse uma escuridão com pontos intensos de luz. Sons que alternavam comandando o centro de comando! E após saír para catar conchas na beira da praia, o mar vinha em fúria e inundava cada grão de areia!
Boa tarde Alexandre!
Tardava o dia, e por entre a escuridão que se prolongaria à alvorada, nada era mais intenso que essa passagem! Isso mesmo, passagem.
Os corpos nem precisavam se tocar, já que seus olhos explodiam como vulcões em erupção prestes a espalhar lavas destruidoras do que obstruísse o caminho! Era uma energia inimaginável que fazia os pensamentos fluirem como a correnteza natural das águas. Os órgãos pareciam ter peso nulo, a carne parecia levitar ao passo que o peito explodia por algum motivo não descoberto, ainda, ou jamais descoberto. As córneas mapeavam cada detalhe em uma escala imensa, pois cada tracinho era essencial. Sem dúvidas a imperatriz aurora era magestosa! Dois corpos passavam a ocupar o mesmo lugar no espaço. Era transcendental. No momento em que a física era contra-argumentada, a cidade acordava, ninguém mais era capaz de ter sono. Os postes acesos por todas as esquinas e os apartamentos em movimento. Mas nada importava. 
Boa noite Luíz! 
E durma bem.

Tem tempo...

É bem simples, não tem muita técnica, mas eu gosto desse desenho!
30/09/2007- Roberta Magalhães

"Desamor"

Não sei se foi quando eu tava escovando os dentes, ou quando eu tava amarrando o cadarço...
Não sei se foi quanto eu tava abrindo um pacote de biscoito pra comer, ou quando fui colocar o celular pra carregar...
Não sei se foi quando fui lavar as mãos para almoçar, ou quando eu estava me enxugando depois do banho...
Não sei se foi quando eu estava usando fio dental, ou se foi quando eu estava procurando um brinco que havia perdido...
Não sei quando foi! Na verdade nem sei o que foi... Apenas aconteceu.

O desamor é embaraçoso. O que leva alguém a dormir amando e acordar querendo arrumar as coisas pra ir embora? É até vergonhoso, é terrorista até.
Você se sente um traidor, mas fazer o que? Não pedimos para sentir isso. Aconteceu e ninguém sabe como, nem quando.
Falando, parece ser simples não é? Como já dizem, pimenta no olho dos outros é refresco... Aliás, volto atrás! Simples é, mas as consequências é que não são nada simples!Longe disso!

O desamor é avassalador.. Ele não é sem graça, ele nos deixa sem graça. Mas ele é forte como o rebolado da crioula em noite de festa. Tá bom, ou quer mais?

Ele não mata, ele surge depois que algo morre! É diferente.

E o que vamos dizer, após malas feitas e prontas? "Tchau, já vou assim, sem mais nem menos, mas eu vou..." ou "Tenho sim uma explicação, mas você nunca entenderia..."
Vamos dizer isso porque o desamor não precisa de compreensão! Ele é injusto mesmo. Ele faz sangrar, joga água levemente salgada na ferida e te dá as costas. 
Resumindo, ele te fere e te faz chorar.

O desamor é assassino... Mas ele existe! Infelizmente ele surge mais ou menos assim, sem mais nem menos.

E denovo: o que dizer? Quer saber? Não diga. 
O que fazer? Nem diga, nem muito menos faça.
Seja covarde, porque o desamor é covarde.

O desamor é infiel, é indiferente, é singular.

Ele é tão desumano que só aparece quando existe amor! Ou seja, você só 'desama' quando ama! Isso é justo?

Seu companheiro te dá atenção, te liga, te leva a um jantar à luz de velas, te manda flores, te faz sentir coisas inexplicáveis, te pede em casamento, e... É a ele quem você vai 'desamar'. POIS É.
O cara que lava o carro do meu vizinho não me desperta sentimento nenhum, mas pelo menos ele não me desperta o desamor!
É preferível ser o lavador de carro, a ser o indivíduo  desamado'!
Agora é justo?

 A vida é injusta, o 'desamor' mais ainda.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Me tragam tempestades

As vezes chuvisca, que é pra preparar o terreno pra tempestade que está por vir.
Não vou negar que posso adorar as tempestades.
Os raios-de-sol não teriam o mesmo 'brilho' se não surgissem após trovões e trovoadas.
As vezes cai tanta água, que você chega a implorar por um sol! 
E o melhor de tudo é que cedo ou tarde, ele sempre vem!
Não é incerteza, é segurança. Ele sempre vem.
Mas as vezes é bom que ele demore mesmo, porque tanta certeza pode apagar o brilho.
A espera mostra o valor que muitas vezes está apagado ou sutilmente esquecido.
O sol que nasce todos os dias não nos 'parece'  tão necessário.
Como já dizia Shakespeare "Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo..."
Então, é por isso que posso adorar a tempestade, porque ela é necessária! 
Ela não deixa queimar, ela não deixa morrer.
São os raios que surgem depois dela, que aquecem na medida certa os nossos corações.