sábado, 17 de dezembro de 2011

TRANScendentAl

Vista-me ao beijos da mesma forma que tirou minhas peças e colocou-as no chão para que elas pudessem repousar.
Olhe-me profundamente, pois agora sou sua, inteiramente sua, dos olhos à boca, da pele ao toque, da cintura aos quadris, do que me mantém viva ao que me cobre e recobre. Olhe-me por inteiro, sou inteira.
Sinta-me todos os dias, e que cada dia seja singular, transcendental e igual. Sinta o que eu sinto e chegaremos ao infinito cúmplice e intenso de nós dois. Ao infinito particular que alcançamos com gestos discretos e incomparáveis.
Enxergue-me como me diz verdadeiramente todas as vezes que me encontra e que se desconstrói pra me dizer que está entregue. Eu também estou.
Cative-me sempre com a plenitude da beleza que existe em todas as suas partes.

Não me recordo sobre a ultima vez que senti a compatibilidade e a sinceridade do que agora me cerca. Talvez seja porque eu nunca tenha vivido algo assim, tão assim, desse jeito assim, com esse seu jeito bem assim que é todo meu.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Transição

Em épocas como esta escorro em minhas águas e deixo o fluxo do rio me levar. Passo um curto espaço de tempo sem saber o meu destino, me perco com as direções e as oportunidades tornam-se imperceptíveis ou desvantajosas.
As lágrimas despertam o meu íntimo mais sensível e profundo de mulher que irracionalmente acredita ser tomada completamente pela extrema sensibilidade devastadora que habita cada poro do que me reveste e do que sou.
Acredito eu que a causa disto, que não posso chamar de problema, é fruto de um amor incondicional a mim mesmo que me faz ser inteiramente tudo aquilo que desejo neste ou em qualquer outro momento.
Todas as etapas da vida são fundamentais para que o crescimento individual interno torne-se visível como forma de maturidade. Eu decidi passar por cada uma delas com toda a intensidade que me constrói para que sejam esgotadas e ultrapassadas por um caminho irreversível.
Folheio cada livro que me pertence de maneira minuciosa ou brusca, e repetidas vezes para ter a absoluta e pura certeza de quando uma página realmente deve ser virada e quando devo começar a narrar outro capítulo. Naturalmente as folhas desgastadas que vão ficando para trás por incessantes lidas e por terem alcançado o ponto máximo da minha compreensão, vão se desintegrando e passam a não fazer mais parte da história. Deixo claro que isso é raro, mas acabo de constatar que não é impossível. Nenhum livro seria tão complexo se estivesse faltando uma página. Nenhuma linha é escrita em vão, porém o conteúdo pertence a ninguém mais que o autor, aquele que muda e arranca as linhas até atingir seu estado de constante satisfação.
Estou à flor da pele redescobrindo minha pele de flor. Não estou apenas repondo as pétalas e regando o jardim, estou fortalecendo as raízes e o brilho intenso que provoca na planta todo o processo que ocorre em seu interior.
É hora de seguir pensando no futuro e vivendo o presente, analisando tudo que deve ser perpetuado e esquecendo tudo aquilo que deve ser deixado para trás. É hora de viver e causar tempestades luminosas de raios intensos e transformadores.A vida é surpreendente, mas eu quero ser mais.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Conto de um desencontro.

Foram apenas olhares inocentes e desinteressados, que causaram aquela palpitação inesperada ao ouvir tantas palavras. Imaginava-me quase ausente à sua visão, fazendo parte de um todo onde me sentia camuflada ou invisível.
Para a surpresa dos seres, interesse mútuo.
Ainda sinto a sua pele indo de encontro a minha quando busco lembranças remotas em uma memória distante, que talvez seja a minha, mas não te dou tanta certeza.
Tomo um café nostálgico na rua e lembro-me com saudade e vontade daquela noite em que deixamos de lado as palavras que nos conquistaram e nos entregamos a um contato onomatopeico.
Ainda não sei se ser fiel às vontades que explodem, é o que toma a minha prioridade.
Opto pelo certo, sem saber ao menos o que realmente pode se chamar de errado. Irradio a razão para que ela  cegue de uma vez esse desejo íntimo  do calor da emoção. Do calor. Da emoção.
Ainda sinto aquele gosto, ainda escuto aquele monólogo, ainda desejo aquele algo ansioso que atiçava a minha curiosidade por tua imensidão.
Mas tudo isso, exatamente isso, é o que agora não posso sentir.