sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Agora ou nunca mais.

Tem que ser assim mesmo, exatamente com essa sandália nos pés

Tem que ser só e gastar a sola.
Tem que ser com essa calça desfiada e com essa camisa desbotada.
Acordei para sempre. Até que o sempre acabe sem que eu perceba.
Não flutuo mais e sonho menos.
Agora é preciso ter consciência e andar com esse pisante sobre a Terra que é exatamente onde eu vivo mas está longe de ser o que eu busco.
E repito que tem que ser só e com essas sandálias nos pés, segurando os pés, tornando esses calos sensíveis ao chão.
Ao chão frio, ao chão quente, ao chão de brasa e ao chão de neve. Ao chão que o tempo guardou.
Ao enxergar 360 graus verei apenas a minha sombra a todo momento. 
E injetarei em meu cortex cerebral esse objetivo com início, meio e fim.
Me doparei com inúmeras doses de ideais não podados.
E caminharei. Caminharei. Caminharei.
Caminharei por um chão escolhido da maneira menos precipitada.
Por um chão que parecerá não ter fim, mas terá. Um que será cheio de buracos, mas não terá tanta lama.
E se a escolha não fosse essa sandália rasteira mas sim um salto que me afasta do chão e faz com que eu me sinta maior do que preciso agora, tudo seria menos prolixo. 
Tudo seria pintado em tons de verdes, azuis, amarelos e vermelhos com tartarugas, peixes e onças.
Tudo não passaria de uma linha contínua de status frágil, barato e pagável. 
O outro caminho implica na preocupação com a limpeza e a vontade de estar visivelmente impecável para que o interno se torne superficialmente bonito.
E eu quero que o interno seja transparente e que seja o que realmente é, da maneira que eu plantei, e não da maneira que querem que seja.

2 comentários:

  1. Muito bom, Beta!Me identifico com " sobre a Terra que é exatamente onde eu vivo mas está longe de ser o que eu busco." Beijãoo

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