domingo, 4 de março de 2012

Aquela Varanda

Os ventos cantavam ao passo que o céu mudava de cor.
Tardava o dia e eles ainda estavam ali naquele quarto.
Eis o questionamento que todo casal faz quando a maré do mar de rosas está baixa: "O que será de nós dois de agora em diante?"
A final, os meses passaram, a paixou queimou, a conversa é boa, o beijo tem química, o sexo ainda satisfaz, mas e aí? Isso não é o suficiente pra manter uma relação.
A necessidade de construir sempre chega quando a rotina se instaura.
Então as dúvidas tomam conta dos juízos que passam a analisar friamente as situações sem dar espaço algum à emoção. O medo de um romance sem futuro.
Os dois resolvem discutir a relação e sentados frente à frente, cada qual com suas ideias já formadas. O silêncio diz que eles estão a um passo do término, os olhares se entendem e eles parecem frígidos e talvez sem jeito.
Como era de costume quando eles iam cnversar, ela estava sentada na cama, enrolada em um lençol, e ele a sua frente na cadeira com sua toalha presa à cintura.
"Acho que precisamos conversar..."
Talvez fosse mais fácil se ele se levantasse logo, tomasse seu banho e fosse pra casa, mas algo o prendia ali. A vontade que ela tinha de facilitar as coisas só se sustentava até o momento que ele demonstrasse que também concordaria com o afastamento, porque é depois que o outro concorda que a gente começa a se questionar se fizemos a coisa certa, e ela não é bem diferente disso.
Frases soltas, argumentos falhos, colocações sem sentido, falas contraditórias, e o dia ía caindo.
A decisão é tomada, e enquanto ele vai se arrumar, ela vai até avaranda fumar um cigarro.
A chuva começa a cair, o vento bate mais forte e as folhas chacoalham reproduzindo um som delicioso para um momento de reflexão. As gotas de chuva começam a pingar na ponta de seu nariz, e o frio chega.
Sabe aquele frio que congela o corpo aquecendo o coração? Foi o que ela sentiu ao estar nua naquela varanda, com aquele tempo chuvoso e só. O coração começava a apertar, e a paixão ía queimando aos poucos ali dentro do peito, era a saudade do abraço forte de um certo alguém que estava ali há poucos metros de distância dela. Mas o orgulho falava mais alto e mesmo com poucas lágrimas já escapando que por sorte se confundiam facilmente com as gotas de chuva, ela continou a fumar o seu cigarro enquanto via aquele céu acinzentado.
No último trago, ela toma um susto ao sentir algo nas laterais de sua cintura e quando menos espera ele já está ali atrás, com seus braços envolvendo seus quadris e seu queixo sobre o seu ombro, como um encaixe perfeito. As faces se tocam de lado e os sorrisos aparecem, mais uma vez eles pensam a mesma coisa: "Que tolice!" Pensavam que pareceriam mais fortes se tomassem aquela decisão passando por cima de um sentimento verdadeiro e muito maior. Mas perceberam que forte mesmo era o que os dois tinham em comum, aquela sensação de paz e felicidade que só surgia quando estavam lado a lado, como dois seres que se confundiam em um único ser.
Os dois já estavam congelando ali fora, mas resolveram despir-se de uma vez e deitar naquele chão frio.
Aos risos, falavam sobre o comportamento do outro durante aquela conversa tensa, as caras e os olhares tolos que foram reproduzidos durante aquele momento, e a promessa de que aquilo jamais aconteceria novamente.
Os corpos se uniram, na pele a química, nas bocas o desejo, e nos olhares o amor, e aquele abraço deu início à longa noite que estava por vir.

3 comentários:

  1. Hummmm, tons de ventanias sempre respondendo as perguntas, onde a boca não quer falar e os ouvidos não querem escutar, mas que de alguma forma, precisam ser admoestado.

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  2. Que nada! Na maioria das vezes as respostas são bem simples, e nós é que fazemos rodeios!

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  3. Apenas um preságio afável...rs ;)

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