terça-feira, 8 de maio de 2012

Aquela Varanda III - Fechando as portas

E numa madrugada indecisa os corpos não se tocavam, mas conversavam entre si. Era toda aquela energia de sempre que atraía cada átomo dos seres de maneira urgente. Saudade.
O que se passava lá fora era confuso demais, muita gente fora da sintonia que existia apenas entre os dois, ninguém além deles tinha noção da presença daquilo que ardia. Porém o que importava era o que se passava dentro, que era mais confuso ainda, ou não. Dentro dos pensamentos e sentimentos desejosos e secretos que circulavam por todos os cantos proibidos. Lá dentro existiam quereres recíprocos entre si. Realmente isso era claro já que os dois haviam abandonado responsabilidades e compromissos planejados apenas para seguirem a urgência da agonia que batia no peito e para sentirem aquela presença por singelos minutos patéticos.
A clareza dos sentimentos que estavam consumados incomodou o juízo dela, que resolveu ir embora para voltar em algumas horas.
O resultado da volta, como vocês já devem imaginar, foi a varanda. Não tenho como falar em amor e prazer sem falar da varanda. O êxtase acontece lá. A varanda é o clímax.
Outras palavras foram trocadas naquele lugar onde tudo acontecia. Acontecia de tudo.
Poucas palavras, alguns olhares e muita energia. Estavam entregues.
Não lembro mais como foi o começo deles dois, só lembro que eles não começaram pelo começo. Já era amor antes de ser. E sempre foi assim. Mas naquela madrugada não foi. Aliás foi, durou pouco. É foi isso, acabou, teve início, meio e fim.
Não tenho mais tanto para escrever como eu pensava que pudesse ter, pois tudo aconteceu conforme o roteiro, foi igualzinho, mas na hora da despedida tudo foi diferente. O coração não bateu, a vontade não insistiu e o sentimento não persistiu.
Em um curto espaço de tempo um sentimento desorientado tomou conta das ideias desacertadas que começaram a fazer sentido. A varanda não fazia mais sentido- pensou ela. A doce lembrança de um momento maravilhoso que se fez por tanto tempo, se desfez naquele momento.
Ele ainda vive naquela varanda mas ela saiu voando de lá.

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