sábado, 2 de julho de 2011

C'est fini

A forte tempestade que caía lá fora não incomodava tanto.
Os pingos fortes que machucavam a madeira da varanda não causavam tantos danos.
A água que descia de maneira ríspida e imbassava todas as janelas tirando parcialmente nossa visão, não era tão ruim assim.
Mas as goteiras e os ventos que sopravam dentro de casa simultaneamente resultando em uma tempestade impiedosa e amarga, produzindo uma atmosfera agoniante, isso sim causava inquietude.
A fumaça cinzenta que já não era mais tão insuportável tomava conta dos ares interiores.
-Ares acinzentados não me perecem interessantes, nem calmantes. Podem até ser reflexivos, mas no momento só eram nervosismo-
Nem as folhas calmantes em um bule de chá faziam efeito.
Todos os jarros e castiçais foram ao chão.
As portas se renderam aos encantos do tenebroso chão, e se deitaram bruscamente.
Todas as almofadas colidiram com as paredes liberando penas, e mais penas, e mais e mais penas artificiais.
O lustre, mesmo preso com tantos reforços, decidiu estapear a mesa que estava logo abaixo.
As cortinas não aguentaram e sairam voando.
Os pratos e copos foram rolando em fuga pela porta, antes que sobrasse pra eles também.
Até os cachorros pularam o portão.
Chovia, chovia muito. Mais dentro que fora.
Não sobrou nada.
Dessa vez, estava tudo acabado.

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